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Vínculo empregatício frágil e falta de qualificação tornam jovens dispensáveis no mercado de trabalho e criam 7 milhões de subutilizados

Pesquisas mostram que 41% da juventude brasileira, entre 18 e 24 anos, está desempregada ou desistiu de procurar emprego. Segundo especialistas, falta investimento em capacitação técnica agrava ainda mais o problema.

As discussões do Dia Internacional da Juventude, comemorado em 12 de agosto, mostram que o Brasil precisa ter um olhar mais sensível para essa parcela da sociedade. De acordo com pesquisas do mundo do trabalho, os jovens são os que mais sentem os impactos da retração econômica brasileira e, consequentemente, da crise no mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad),  somente no primeiro trimestre deste ano, 41,8% da população de 18 a 24 anos estava desempregada, desistiu de procurar emprego ou tinha disponibilidade para trabalhar por mais horas na semana.

Em números absolutos, são cerca de 7 milhões de jovens subutilizados, o maior índice registrado pela Pnad desde 2012, quando começou esse tipo de apuração. “Sempre existiu uma preocupação na inserção do jovem no mercado de trabalho, pois falta incentivo e qualificação. Em tempos de pandemia, esses problemas ficaram ainda mais visíveis”, avalia a advogada Jéssica Marques, diretora da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (CONTRATUH), que representa mais de quatro milhões de trabalhadores no setor mais afetado pela pandemia. 

Segundo Jéssica, o jovem se transformou numa mão de obra dispensável nos dias atuais. “Os programas de trainee, estágio e aprendizagem foram os primeiro a ser cortados, por não existir um vínculo empregatício forte e pelo problema da falta de qualificação, deixando essa camada da sociedade exposta e tornando-a vulnerável. No setor de Turismo e Hospitalidade [que engloba bares e restaurantes] podemos observar bem esse problema”, completa a sindicalista.

Um exemplo das dificuldades enfrentadas por esse setor da sociedade vem da jovem Sulamita Rocha, de 24 anos, formada no curso superior de Estética há três anos. “Fiz vários estágios em clínicas e hoje presto serviços em um studio de beleza. Voltamos à atividade há menos de um mês, mas fiquei parada por 4 meses. Sou MEI [Microempreendedor Individual], não tive nenhuma benefício e não consegui o auxílio do governo. Além de mim, tive vários amigos e amigas na mesma situação, que ainda não conseguiram se recolocar no mercado”, diz. 

Crise de emprego entre jovens gera impactos futuros 

Um estudo elaborado pela Enap (Escola Nacional de Administração Pública) aponta efeitos de longo prazo da pandemia e concluiu que jovens entrando no mercado de trabalho podem ser mais afetados pela crise sanitária.

A pesquisa parte do pressuposto que as consequências da pandemia não se restringem aos efeitos imediatos no setor de saúde, mas geram impactos futuros em outras dimensões, como trabalho, educação, desigualdade social e violência doméstica. Entre as conclusões, o documento aponta que crianças expostas ao estresse materno durante a gestação podem apresentar baixo peso ao nascer, o que influencia o desenvolvimento cognitivo futuro e impacta no processo de aprendizagem após a pandemia.

“Isso é crítico não só quando a gente olha para o indivíduo, mas quando a gente olha para a condição de país, isso fica muito sério porque, basicamente, a gente tem hoje a maior geração de jovens da história do Brasil”, alerta Marcus Barão, vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) e coordenador da pesquisa “Juventudes e a pandemia do Coronavírus”. Barão afirmou que esse bônus demográfico apresenta uma possibilidade de conquistar, na segunda metade do século, uma população melhor educada, de bem-estar constituído, de redução das desigualdades e prosperidade. “Quando a gente faz o investimento certo, na hora certa, nesse bônus demográfico, a gente tem grandes saltos”.

 

*Assessoria de Comunicação CONTRATUH

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