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A culpa é da Imprensa…

Há uma queixa sistemática e muitas vezes ensandecida dos meios sindicais ao culpar a mídia, como dizem, ou a imprensa em geral, pela difusão de notícias consideradas inverídicas sobre a questão “imposto sindical” ou “contribuição assistencial”.

Imposto Sindical foi o processo extinto, ultrapassado e que obrigava todo trabalhador a recolher um pequeno percentual de seus ganhos, ao longo do ano, em favor dos sindicatos. Essa lei foi abolida quando o governo Temer aprovou a Reforma Trabalhista, uma decisão macabra e que mutilou a CLT e outros direitos laborais, sob o propósito de tirar dos ombros do empresariado, encargos que advém muito mais da sobrecarga de impostos oficiais, do que dos minguados salários que se praticam, no país, ao trabalhador comum.

O trabalhador por si só é fraco e uma presa fácil do patrão, quando não há união classista, que defenda seus interesses. A negociação solitária de um trabalhador com a soberba patronal, é comprovadamente estéril, diante de alguém que paga seus proventos e recursos para sobrevivência. A prática da subserviência com a filosofia do “ruim ganhando pouco é pior do que ganhando nada”, submete o trabalhador a concordar com o patrão, até mesmo quando se torna usado por ele, para enriquecer seus abastados bolsos.

Alguém dirá que este é um mal patrão! É óbvio que nem todos agem assim, como nem todos os trabalhadores são maus e merecedores de pagas tão parcas e escravagistas. Há patrões e patrões. Há trabalhadores e trabalhadores. Mas aquele que faz preço no esforço e na atividade de quem só tem na mão-de-obra para o seu sustento e manutenção familiar, é um patrão perverso.

E entre os patrões, patrões, há os patrões da mídia, da imprensa, da comunicação. E nos meios de divulgação, além das notícias e do lazer há também o espaço comercial, meio de subsistência e estrutura dos canais difusores da informação.

Neste ponto esbarra-se, via de regra, no empresário poderoso, que tem o poder de comprar espaços para divulgar seus produtos. E na possibilidade de escolha de onde divulgar e como divulgar, o empresário usa, mais uma vez, da sua capacidade de capital, para impor suas regras, estabelecer seus direitos egoístas e fustigar aquilo que não é seu interesse. A imprensa, os meios de comunicação sem critérios, desta feita, muitas vezes carente ou até mesmo parceira do poderoso empresário, cede seu poder de convencimento popular para criar “monstros” e prejudicar imagens.

Neste caso os sindicalistas que tanto defendem os trabalhadores, também são demovidos da compreensão da missão do trabalhador, para desancar aqueles que, muitas vezes desprovidos de ética profissional, submetem-se ao gosto do empresário da comunicação e difundem seus interesses monetários contra a verdade.

A imagem de que os sindicatos são formados por rebeldes, revoltados, agitadores, insubordináveis, é o traçado claro para eles, de uma classe que luta, invariavelmente por seus direitos e relações humanas. Nossa cultura social vem do escravagismo, onde o subordinado não pode nada e deve tudo. E diante disso, ai daquele que levantar a voz ou contestar o que diz o poderoso que lhe dá o emprego e investe para que ele tenha salário, como se a paga fosse apenas um favor que se presta a quem não teve a capacidade para empreender e viver por conta própria.

Mal sabem que suas empresas seriam nada se não houvesse a mão de obra barata e farta e um mercado de trabalho que descende, em suas origens, do escravagismo e da subordinação. Impensável que um ser desprezível como esse, tenha direitos e levante a voz na defesa dos próprios interesses.

Pior ainda se eles se unirem e tiverem o poder de greve para fazer valer seus direitos. “Esses ninhos de cobras precisam ser desmantelados” e este é o empenho que se difunde contra os que se unem para representar a multidão desolada e mal protegida.

Melhor que se calem, melhor que não tenham força, melhor que se sejam individualizados, pois assim a imposição será mais fácil, a subserviência será inevitável e o enriquecimento à custa do suor e empenho dos pequenos, torna-se fácil e vira prática.

Assim, senhores, a culpa não é da imprensa, da mídia ou de quem trabalha na comunicação, definitivamente. É sim da voracidade, dos que são ávidos e gulosos e de apetites insaciáveis. Nem todos são assim, é verdade, mas os que são, são maioria e de vontades veementes, exageradas, inseguráveis.

  • Osni Gomes é jornalista há 5 décadas e assessora a Contratuh. Teve passagem por rádios, jornais, tvs e assessorias diversas, no Paraná.

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