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Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, diz diretor da Nova Central

Nailton Francisco de Souza (Porreta), diretor nacional de Relações Sindicais da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), foi uma das vozes fortes da Nova Central, defronte ao Banco Central, na manifestação de terça-feira, quando sindicalistas protestaram contra os altos juros mantidos pela instituição. Ele disse que “a taxa de juro de 13,75% ao ano, imposta pelo BC, além de ser a maior do mundo, prejudica o Brasil e todos brasileiros.”

“Juros altos significa manter 9 milhões de trabalhadores (as) desempregados e 4 milhões de desalentados, além do exército dos subutilizados no mercado de trabalho. A economia tem que estar a serviço do povo e não de banqueiros e especuladores financeiros. O BC está na contramão do projeto escolhido na última eleição que visa reconstruir o Brasil, distribuir renda, gerar empregos de qualidade e tratar a calasse trabalhadora e povo com dignidade”, criticou.

Ele citou por exemplo os juros extorsivos dos cartões de crédito, em torno de 320% ao ano, do crediário de 100% e do crédito bancário pessoa física que está em 118%, o que gerando inadimplência. Defendeu que é preciso dialogar com a população brasileira e mostrar que se hoje 64 milhões de brasileiros se quer pagam suas dívidas, a culpa é dos juros escorchantes praticados pelo BC.

Comentou também da resistência dos poderosos, que toda vez que o povo se manifesta se consideram ameaçados e usam dos meios repressores para evitar avanços, tanto na área trabalhista como no mundo institucional.

“A união nacional da classe trabalhadora devolverá o protagonismo do sindicalismo que desde seu surgimento atua no fortalecimento da democracia e na diminuição da degradação e miséria social, provocada pela ganância dos poderosos”, ressaltou.

Selic para os mais ricos

O economista e professor Ladislau Dowbor, comentou que as taxas de juros, das finanças em geral, são misteriosas para a maioria das pessoas. Mas o resultado é simples: montou-se um grande dreno por meio da taxa Selic, da tolerância da evasão fiscal, das renúncias fiscais, das isenções sobre lucros e dividendos, da lei Kandir, da não aplicação do Imposto Territorial Rural (ITR), e em particular das taxas de juros absurdas cobrados pelos bancos, sobre as famílias e as empresas.

Juntas drenaram as políticas públicas (saúde, educação, infraestruturas), o poder de compra das famílias (juros sobre pessoa física) e a capacidade de investimento das empresas (juros sobre pessoa jurídica). E os proveitos vão todos para o mesmo endereço, os bancos e corporações financeiras, a chamada Faria Lima.

“O básico é o seguinte: quando rende mais o rentismo financeiro, ou seja, a aplicação em títulos e diversos produtos financeiros, do que abrir uma empresa e realizar um investimento produtivo, o dinheiro flui para onde rende mais: para ganhos improdutivos. Um exemplo: quando o governo eleva a taxa básica de juros (Selic) para 13,75%, este valor será pago pelo governo, aos detentores privados dos títulos da dívida pública, basicamente os 10% mais ricos da sociedade, usando os impostos que pagamos”, afirma o professor.

E que os impostos, em vez de financiarem educação, saúde ou infraestruturas, vão para os grandes grupos financeiros chamados de mercados. Ladislau esclarece que o Estado não se endividou para construir escolas, por exemplo, ou no Bolsa Família, pois 82% do aumento da dívida pública resultam de juros acumulados.

“Sem nenhuma contribuição produtiva, esses grupos drenam anualmente, só nesta modalidade, cerca de 700 bilhões de reais, ou seja, o equivalente a cerca de 7% do PIB. Esses 7% do PIB podiam se transformar em investimentos produtivos, mas para que um dono de fortuna vai arriscar no mercado real, se pode ganhar 13,75% sem risco e sem esforço? Descontando a inflação, um ganho líquido de 8,5%”, complementa Dowbor.

Fonte: Secom NCST-SP

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