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Copom mantém a taxa Selic em 13,75%

Pela sétima vez seguida e sem sinais de mudança de rota, Copom mantém a taxa Selic em 13,75% ao ano. Teimosia do colegiado mostra que decisão tem cunho mais político do que técnico.

Nem o apelo da empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, bastou para sensibilizar o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central a baixar a taxa Selic. No início desta noite (21), o colegiado manteve a taxa básica de juros brasileira no patamar dos 13,75% ao ano. Pior. Sequer deu sinais de que vai começar o ciclo de redução em agosto, como o mercado palpitava.

A Selic está no mesmo patamar desde agosto de 2022. O percentual é o maior desde novembro de 2016, quando estava em 14%.

Economistas gabaritados, como o Nobel Joseph Stiglitz, já criticaram os juros no Brasil. Após encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Japão, em meados de maio, ele disse que “o Banco Central está estrangulando a economia brasileira”.

Esta foi a quarta reunião do Copom somente este ano. Foi também a sétima vez que o colegiado não mexeu na Selic, a despeito de todas as críticas.

No atual comunicado, o argumento é quase o mesmo para justificar a decisão. “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia”, diz a nota. Também não há indícios de quando o ciclo de baixa vai começar.

A boa notícia é que ao menos não há indicativos na nota, diferentemente do que ocorreu em reuniões anteriores, de possibilidade de ajuste para cima da Selic.

Para alguns economistas, o BC perdeu o “timing” para reduzir a Selic. Essa é, por exemplo, a opinião da economista Monica de Bolle, para quem a relutância do BC em baixar os juros chega a causar “perplexidade”, a despeito do cenário externo e da queda de braços com o Executivo.

Mesmo Haddad tendo cumprido sua parte na agenda, Copom mantém a teimosia sobre a taxa Selic, o que não ajuda a economia brasileira

Os economistas os economistas do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) André Campedelli e Deborah Magagna escreveram recentemente: “[Campos Neto] fez uma série de exigências para realizar o seu trabalho, que é de deixar a taxa de juros em um nível menos imoral do que o atual. Ele exigiu um arcabouço fiscal pró-mercado e com regras sólidas, exigiu a volta de cobrança de impostos federais sobre os combustíveis e falou que só pode pensar no assunto quando a taxa de inflação acumulada voltasse a ficar dentro da meta. E o pior de tudo, isso ocorreu nestes primeiros meses de governo”.

O fato é que, no nível atual, a taxa de juros penaliza os mais pobres, os endividados, o empresário que quer investir. No patamar atual, a Selic só ajuda o capital especulativo, que privilegia o mercado financeiro, lugar de onde, aliás, Campos Neto saiu rumo ao comando da autoridade monetária, pelas mãos do ex-posto Ipiranga da Economia, Paulo Guedes.

No comunicado sobre a decisão, o Copom escreveu ainda que a política de manter a taxa em 13,75% vem surtindo os efeitos desejados de segurar a inflação, e voltou a frisar que momento é de “paciência” e “serenidade”.

“O comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária”, afirma a nota.

Nesta quarta-feira (21), 51 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República, chamado de Conselhão, se juntaram às críticas e divulgaram uma carta aberta ao presidente do Banco Central e aos diretores da instituição pedindo corte na taxa básica de juro.

Pelo visto, as pressões não têm funcionado, o que mostra que Lula e os demais críticos têm razão: a decisão do Copom não tem nada de técnica – é mesmo política.

Fonte:  ICL Economia

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