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Diretores protestam contra mudanças no sindicalismo

Diretores da Contratuh de vários segmentos representativos pelo Brasil fazem parte de uma rede social interna, onde expõem suas informações e dão opiniões sobre as questões sindicais. Na noite desta segunda-feira, no entanto, vários deles começaram a debater a proposta de mudança sindical que vem sendo defendida pelas três principais centrais sindicais, ao contrário do que pretendem os sindicalistas em sua grande maioria representados.

O assunto já foi tema de uma reunião virtual promovida pela Contratuh e que desenfreou uma série de manifestações pelo país, pedindo pela total revogação do documento que vem circulando e que está para ser encaminhado para discussão do Congresso Nacional.

Ocorre que as bases não foram consultadas e a feição do anteprojeto é de total diletantismo das três centrais, sem que as bases tenham opinado a respeito.

Discurso solto

O debate de segunda-feira começou depois da publicação de um discurso realizado na Câmara Federal pelo deputado gaúcho Maurício Marcon, do Podemos de Caxias do Sul, onde anuncia a proposta de mais uma lei contra os sindicatos e denunciando comportamentos abusivos na região.

A diretora Vera Morais, da Federação dos Empregados de Turismo e Hospitalidade do DF, diretora de Assuntos Parlamentares da Contratuh, defende, por exemplo, que as representações sindicais gaúchas se manifestem e exijam da presidência da Câmara um pedido de resposta pública. Vera entende que o movimento sindical deve se mobilizar e também encaminhar um protesto em nome da Contratuh e da Nova Central.

Rodrigo Callais, do Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria e Gastronomia de Gramado e Diretor Suplente da Contratuh admite que há dirigentes sindicais que merecem ouvir tais denúncias, como há parlamentares que merecem toda e qualquer reação dos setores sindicais.

Sobrevivência

A questão maior é quanto a sobrevivência dos Sindicatos e representações. Odeildo Ribeiro, da Federação dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade do Espírito Santo e diretor executivo da Contratuh, defende que suas representações publiquem à exaustão as normas coletivas e outros serviços prestados pela sua entidade, que justifiquem as cobranças de contribuições.

Tiro no pé

Paulo Nascimento, presidente sindical no Espírito Santo e diretor suplente da Contratuh diz que “as centrais sindicais estão preparando um tiro no pé dos sindicatos”. Para ele, “fazer reforma sindical com a atual formação do Congresso é colocar em risco toda estrutura mínima que existe hoje para o trabalho das entidades. Vão atrapalhar ainda mais! Ele teme também que “por baixo dos panos e no apagar das luzes, na madrugada, o Congresso aproveite e aprove o pluralismo sindical”.

Para Flávio De Castro Sobrinho, do SindeBeleza do Rio de Janeiro e diretor executivo da Contratuh, “ao Invés de reforma, pode vir a deformação de vez do sistema sindical brasileiro. Não podemos esquecer que tiraram os honorários dos sindicatos pela lei 5584/70 no calar da madrugada, depois da votação de um projeto sobre petróleo. Aproveitaram e simplesmente excluíram nossos honorários.

Outro que protesta é Onevir Brandão, do Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro de Itumbiara-GO: “Não sei pra que fazer reforma, num sistema que funciona? O que precisamos é resgatar uma forma de receita para as representações trabalhistas. Só isso!”

Vera Morais volta a carga e enumera a série de desmontes provocados pelos dois últimos governos (o tampão de Temer e Bolsonaro). E adverte: “As centrais sindicais mais uma vez tentam manipular o movimento sindical e a sociedade.  Enquanto acendem o foco pra “reforma sindical” esse governo senta em cima das suas promessas, como sempre, e o mercado financeiro dita as regras:
– Revogar a reforma trabalhista do Temer?????
– Garantir o custeio confederativo?????
– Reforma política??????
– Reforma tributária?????
– Valorização do Salário mínimo????? (R$ 18,00 ??????)
– Redução da jornada para geração de empregos ??????
– Fim da Emenda 45 ???????
– Redução real dos juros dos consignados?????
Isso é tirar o foco de quem “ainda ” tem poder de mobilização. É tudo que o governo precisa”, protesta. A verdade é que na hora de se unir para resolver, colocam uma ameaça no meio.”

Jadir Rafael da Silva, do Sindicato do Comércio Hoteleiro e Gastronomia de Presidente Prudente, SP e diretor executivo da Contratuh também faz críticas ao atual governo, avaliando que “a política Sindical adotada é enganosa, vai envolver as Centrais com promessas de reformas. A base no Congresso é fraca, vamos acabar perdendo garantias que ainda temos. Há deficiência na fiscalização. A maioria das superintendências do Ministério do Trabalho no interior dos Estados está fechada, não há Auditores Fiscais. Os poucos que existem não têm recursos para diligências.”

Carlos Drumond, do Sindicato de Asseio e Conservação de Tocantins e Diretor Executivo lembra que “As Centrais estão querendo ferrar com os sindicatos de base. Se o trabalhador ainda consegue benefícios é pelo empenho e graça das entidades de base”. É inadmissível que nesta reforma proponham impor uma convenção nacional para cada categoria.”

Vera Morais volta à carga e assevera: “Democracia consiste no debate, em convívio com as diferenças, caso contrário, é Ditadura. Calar-se é consentir, o contraditória ajuda, inclusive na construção de temas e causas.

O presidente

Observando hoje o andamento democrático do debate entre os diretores, o presidente Wilson Pereira disse que “criamos um espaço para que todos deem suas opiniões espontaneamente e isso é salutar. A diretoria da Contratuh entende que a reforma proposta não tem fundamento e nem é a opinião das bases sindicais. Portanto, precisa ser analisada, debatida ao extremo e ser definida com a participação de todos. O processo não pode ser de cima para baixo. O que esperamos do atual governo é que ele contribua para solucionar nosso impasse. A abertura de diálogo, o restabelecimento do Ministério do Trabalho e a revisão de castigos impostos pelos governos Temer e Bolsonaro são prioritários. Não precisamos de fórmulas mágicas e nem de aniquilação de nossas representações. O presidente da Nova Central, nosso companheiro Moacyr Auersvald está percorrendo o Norte e Nordeste do Brasil para conversar com as bases e o recado que ele vem colhendo, nestas consultas, é de total contrariedade ao que propõem as três Centrais. Vamos aguardar o retorno de Moacyr, voltar a dialogar com nossas representações e tomar uma postura definitiva, com bom senso, participação firme e dentro dos princípios democráticos definidos pela maioria. Hoje somos pela aprovação do projeto 55552/19 do deputado Lincoln Portela (PL), que teve grande participação no Fórum das Confederações, atendendo a classe trabalhadora e os movimentos sindicais. Mas a palavra final é da base sindical, aquela que sente na carne a questão trabalhista brasileira. Estamos com ela e com nosso histórico princípio de que juntos somos fortes! Este debate, nas redes sociais da Confederação, só engrandece a seriedade com que todos encaram o movimento sindical e contribui para alcançarmos nossos objetivos”,  frisou Wilson.
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