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Deputada do Maranhão defende a mulher submissa e é repudiada

Numa manifestação surpreendente e muito repudiada, a deputada estadual, do Maranhão, Mical Silva Damasceno (PSD), fez um discurso em plenário, defendendo que, pelos seus princípios religiosos, o “homem é o chefe da família e a mulher deve ser submissa a ele”. O motivo foi uma proposta que ela fez de comemoração do “Dia da Família”, previsto para 15 de maio.

“Veio uma ideia no meu coração que eu acredito seja divina, de nós fazermos uma sessão solene aqui, mas somente com homens! Para mostrar à sociedade quem é a cabeça da família. Então vamos encher esse plenário, dia 15 de maio, de machos! A mulher tem que entender (batendo na mesa várias vezes) que ela deve submissão ao marido. Doa a quem doer, porque as feministas defendem o direito e igualdade, elas querem estar sempre numa guerra contra o homem… vai ser lindo uma comemoração da família, com esse plenário cheio de homens, de machos, pra dizer que ele representa a família, a primeira instituição criada por Deus”.

Repúdios

A diretora da Mulher e Gênero, da Contratuh, Maria dos Anjos Hellmeister, ao tomar conhecimento desse discurso, como representante de uma entidade que tem, na sua maioria, a participação feminina, repudiou com veemência a filosofia e as manifestações da parlamentar. E destacou:

“Considerando que nós mulheres somos 52% de eleitoras no país, que fomos as que deram a oportunidade de ela ocupar um cargo no parlamento político, concluímos que esta deputada não nos representa e nem tem autoridade para depreciar a força e a luta feminina por espaços na sociedade. Queremos sim conquistas e poder em igualdade de condições e não esta submissão arcaica de uma sociedade patriarcal do antanho e do conservadorismo. Os tempos são outros, as ideias estão maduras, a mulher de hoje tem papel de igualdade, companheirismo, mas com independência. Chega desse pensar ultrapassado!”.

O presidente da Contratuh, Wilson Pereira também se manifestou no mesmo sentido de Mariazinha, contra a parlamentar:

“É estarrecedor que nos dias atuais ainda tenhamos mulheres pensando assim. Nós homens também nos inquietamos com essa filosofia arcaica. Acabamos de sair de um Seminário, onde a mulher foi o tema e onde os seus direitos foram resguardados. Estamos diante de leis que estabelecem a igualdade salarial entre homens e mulheres e vimos dando o nosso empenho pelo respeito e direito feminino e deparamos com este pronunciamento desatinado. Não é esse tipo de pensamento que a mulher merece. Isso é repulsivo!”, frisou o presidente.

Maranhão também

O diretor de Assuntos Previdenciários da Contratuh, Luiz Henrique Pereira da Silva, que preside Sindicato e Federação, nas áreas de turismo e hospitalidade em São Luiz, no Maranhão também repudiou o discurso da deputada “que teve a infelicidade de excluir do debate sobre a família, a figura da mulher, colocando-a submissa. Isso é um absurdo, uma aberração. E em nome de milhares de mulheres do nosso segmento, não só não concordamos como repudiamos essa manifestação. Ela que diz defender a família, precisa se inteirar mais sobre o papel que a mulher representa hoje. O momento é de apoio a mulher para que tenha o seu espaço. Essa parlamentar foi eleita por uma parcela expressiva de nossa comunidade e não pode agir assim.”

A assistente social e ativista do Movimento das Mulheres, Silvia Leite, também de São Luiz, no Maranhão, lembrou que desde 1979 vem lutando ao lado de outras mulheres pela independência feminina, na busca histórica por espaço. “Temos visto desde 2023 que a deputada Mical, destemperada, ataca as integrantes dos movimentos sociais e das causas africanas. Estranho porque o papel parlamentar é de promover, criar leis que beneficiem a sociedade e ela age na contramão. Quando você pensa que seu mandato é um chicote, entendemos quão grande é a sua falta de entendimento do que é um papel parlamentar. Pois sabemos que quando a sociedade civil é atacada, ela precisa se defender em nome dos ensinamentos sociais e religiosos, pois seguidamente, na nossa luta diária, deparamos com mulheres evangélicas sendo agredidas pelos seus maridos e precisando de amparo. Sua interpretação de submissão é equivocada e ultrapassada”, concluiu.

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